Colheitas de verão
Já passamos do ponto alto do outono e ainda estamos colhendo e beneficiando o que cultivamos no verão.
Há uma analogia que permeia os movimentos nessa conexão com a terra, que diz sobre a constância e desdobramentos dos processos que iniciamos.
Quantas coisas começamos e não estamos presentes para acompanhar os seus processos, por vezes pelo sentido do imediatismo, da impaciência ou mesmo da ignorância, por desconhecer o que pode vir a resultar um movimento iniciado.
Em contato com a natureza retomamos a consciência da sequência de eventos que levam a uma colheita, e resgatamos elementos importantes que nos faltam, como a observação contemplativa de cada momento, a paciência e principalmente o estado de presença.
Sem elas iniciamos uma diversidade de coisas das quais não usufruímos e assim nos vemos insatisfeitos, sempre em busca de algo, num frenesi enlouquecido que distancia da vida real, simplesmente pela ausência da persistência em manter-se até o desenrolar de nossas próprias ações, abandonando nossos feitos e vivendo a incompletude de nossa própria ausência.
Esse tempo irreal que compramos como verdadeiro nos induz a falta, e reconectar com a natureza original do tempo nos salva desses equívocos.
Quanto menos consumimos o mundo nessa cadeia de produção descabida, mais oportunizamos o acesso à verdade, pois entramos em contato com aquilo que carrega em si a originalidade da vida.
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