A poda dos brotos
É preciso de tempos em tempos fazer limpezas - podas das extensões de nós que vão crescendo em todas as direções, por vezes de maneira desordenada, entrelaçando-se, gerando caos, prejudicando nossas capacidades primordiais pela ilusória necessidade de alimentar as múltiplas projeções que surgem a partir das nossas escolhas.
Existem aqueles que naturalmente são contidos e conseguem manter seus brotos uniformes, ordenados e produtivos, mas a grande maioria, não. Por negligência os deixam sem direção. Crescem em vão, ocupando espaços que deveriam permanecer livres para receber irradiação.
Quando percebemos já estamos exaustos, sem energia para a manutenção da nossa própria vida - quase em ponto de murcha permanente, onde nem sequer o fluído vital pode restabelecer a nossa força desperdiçada na desorganização dos nossos plantios.
Podar é recuperar o viço - removendo o excedente para receber o que é preciso no presente - este aqui e agora que se modifica constantemente.
Sem espaço de renovação estagnamos e optamos pela podridão, que se desenvolve por falta de luz e movimentação, e nos tornamos suscetíveis ao ataque de seres que se nutrem da escuridão.
Não há como realizar podas sem retirar alguns galhos ainda produtivos. Manter todas as nossas extensões é desgastante. Escolher dentre as coisas que criamos e remover algumas é um exercício de desapego.
A secura do nosso solo é fruto dos nossos brotos negligenciados. Uma boa poda é o que gera adubo para nutrir nossas raízes. Num processo cíclico verdadeiramente produtivo colhemos frutos frondosos a partir do desapego as próprias criações.
Crescer não é aumentar de tamanho. É ordenadamente gerenciar a energia original para permanecer em condições para embelezar e colaborar com os mundos a que pertencemos.
Como está a manutenção dos seus brotos?
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