Ancestral equívoco

Essa busca pelo ontem, pelo passado, pelo ancestral. O referencial de um tempo que já foi, e que pela incapacidade de imaginar um futuro, preferimos retroceder do que abrir-nos ao desconhecido que chama bem a nossa frente.

Entre apelos verbais de resgate da "mulher selvagem" e do "homem guerreiro" que tantos mergulham de cabeça sedentos por algo diferente destes tempos atuais, acessam mais do mesmo, agravado pela distorção do tempo e do entendimento dos "gurus da nova era".

Quem carrega em si a lembrança real daquilo que já foi com a capacidade de conduzir sem a interferência das suas próprias experiências emocionais, num ponto de neutralidade que leve aos demais a experienciar uma autêntica proposta de resgate das virtudes que permearam aquelas antigas posturas presentes em humanos íntegros? Conhece algum sábio atuante nestes tempos?

O nosso destino está a frente, não no passado. O nosso chamado está em reconhecer os enganos e alinharmo-nos com a essência original de quem somos e atualizá-la para a energia destes novos tempos.

O apelo linguístico daqueles que se propõe a "guiar" os demais é um desserviço nestes momentos cruciais. Por amor, reflita sobre o que propõe. A motivação que te leva ao fazer pode revelar muito sobre ti mesmo. Refletir sobre a forma como está agindo no mundo e buscar o que é genuíno e evolutivo neste campo da ação é premente para desmascarar os personagens ainda atuantes neste sistema emoldurado.

O campo terapêutico e do desenvolvimento pessoal está passando por delicados momentos. Sem uma base sólida construída a partir da verdade cristalina só se propagam pontos de vista, irreais, infantis e imaturos.

Em alguns momentos somos mais úteis em silêncio... do que nestas propostas espetaculosas, desrespeitosas e instagramáveis que vemos sendo ofertadas.

Discernir entre o que nos impulsiona para cima e o que nos mantém no mesmo patamar de nós mesmos. Será que somos capazes?