Da utopia a realidade
- Shely Pazzini
- 8 de jun. de 2023
- 2 min de leitura
Revisando os textos do próximo livro me deparei com uma frase que me levou a refletir sobre uma fase da minha vida onde, o que hoje vivo como uma realidade, lá atrás era utópico.
"Faça o que sabe que precisa ser feito, com toda sua dedicação. É sustentando que se cria o que parece apenas uma utopia."
Lembrei de um tempo onde as partes de mim não se conversavam, viviam em conflito entre si, me puxando hora pra um lado, hora para o outro, como se eu fosse apenas um instrumento de jogo para forças que, mesmo sendo minhas, atuavam fora do meu controle, transformando minha vida em um constante caos.
A mente falante dizia uma coisa, o coração sentia outra, a boca proclamava outra, a ação por vezes também era diferente das anteriores. Quatro manifestações de uma única personalidade atuando separadamente e por conta própria, numa incoerência que jamais criaria algo de produtivo.
A famosa frase de Paulo Freire parecia ser completamente impossível de vivenciar:
"É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática."
Escolhi ela como meta a ser alcançada no início de 2011, mesmo parecendo ser tão distante daquilo que vivia, praticamente uma utopia.
Mas a intenção em mover-se em direção a algo em que acreditamos ser necessário contém uma incrível força, chamada vontade, que supera qualquer automatismo normótico que nos tira a autonomia e nos transforma em massa de manobra.
Escolher pelo auto-aperfeiçoamento é um processo que requer persistência e constância, paciência e resiliência, mas que nos mostra um novo mundo, pois revela a capacidade inata de integrarmos as partes que agem separadas e incongruentes, tornando-nos novamente inteiros e coesos, unidos em um só propósito, a favor da vida.
Aquilo que parecia utopia lá atrás hoje se mostra como uma realidade diária, e questiono como por tanto tempo estive naquele estado dividida de mim mesma.
Não há nada que nos torne incapazes a não ser o nosso próprio abandono.
Escolher por se resgatar é verdadeiramente, viver como seres integrais que Somos, colaborando com o constante processo de lapidação de todos nós.
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